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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Saneamento e dengue

A presença da dengue denuncia a falta de abastecimento de água e de coleta de lixo das cidades. Somente os locais mais primitivos em termos de saneamento básico vivenciam casos da doença. O Mapa da Dengue, do Ministério da Saúde, mostra que a ausência de saneamento facilita o surgimento de criadouros de mosquito. Já o abastecimento irregular de água leva a população a usar caixas-d´água, potes e barris, reservatórios que, se estiverem mal tampados, são ideais para o "Aedes aegypti" procriar devido à água parada, limpa e em pouca quantidade. No lixo, o problema são as garrafas plásticas, tampinhas, pneus e outros recipientes que acumulam água da chuva.

No Brasil, os surtos são comuns porque o País ainda conta com cidades problemáticas em termos de limpeza e oferta de água. Dos 48 municípios com risco de epidemia, 62,5% têm menos da metade das casas com acesso a saneamento próprio, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde. As preocupações aumentam com a chegada do verão, período mais chuvoso do ano.

Segundo o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do total de domicílios do Ceará que sofriam com saneamento inadequado, 99,7% estavam localizados no Interior e somente 0,3% na Capital. O IBGE aponta que o total da população residente em domicílios com saneamento impróprio, no Estado, era de 1.275.005. No Interior, a quantidade era de 1.271.706 domicílios com saneamento inadequado, restando 3.299 para a Capital.

Uma casa tem saneamento apropriado, segundo critérios do IBGE, quando dispõe de rede de água, esgoto ou fossa séptica e coleta de lixo direta ou indireta feita por uma empresa. De acordo com o levantamento, em somente 18 cidades brasileiras com risco de surto, a maioria das casas encontra-se nessa situação. O restante dos municípios enquadra-se em saneamento semiadequado, quando dispõe de pelo menos um dos serviços, ou inadequado, quando não há nenhum dos serviços em pleno funcionamento.

Os municípios com os menores percentuais de saneamento conveniente estão no Norte e Nordeste, as duas regiões com o maior grupo de cidades com chances de surto de dengue. No Norte, 44,4% dos focos de transmissão estão no lixo, no Nordeste, 72,1% são relacionados ao abastecimento de água.

Faltam hábitos simples nos locais que têm um fornecimento irregular de água e falta de recolhimento do lixo que podem prevenir a dengue, como tampar as caixas-d´água, tirar água dos pratinhos das plantas, limpar os ralos, recolher folhas das calhas e manter o lixo fechado. Para tanto, campanhas devem ser feitas pelas gestões municipais a fim de conscientizar a população.

A dengue é uma das doenças virais mais importantes, principalmente para países localizados nos trópicos, incluindo o Brasil, onde, desde 1986, a transmissão ocorre na maioria dos estados. No Ceará, 2011 alcançou o maior surto da história, com 89.078 casos no total, sendo 55.529 confirmados em 177 municípios. A doença matou, neste ano, 61 pessoas. Fortaleza lidera em número de casos, notificando 33.760 e cinco óbitos.

Devido à dimensão do problema, medidas que evitem epidemias são essenciais. Ações de controle severas podem ser adotadas pelos órgãos de saúde, implicando na redução do número de pessoas acometidas pela doença. Claramente, a previsão de incidência de epidemias e a tomada de medidas de controle promovem reduções significativas de gastos com saúde e de mortes.


Publicado em:diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1086147

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