Especialistas em saúde pública reunidos em Genebra não chegaram a um acordo quanto a se polêmicas pesquisas sobre o vírus H5N1 (da gripe aviária) devem ser publicadas.
Uma reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu nesta sexta-feira que mais discussões são necessárias e ordenou uma moratória de prazo indefinido sobre as pesquisas, alegando que sua publicação nos periódicos Science e Nature poderia dar ensinamentos a bioterroristas que queiram causar uma pandemia global.
A polêmica está centrada em dois estudos, que mostram que o H5N1 pode facilmente sofrer uma mutação e se espalhar rapidamente pela população humana.
Os estudos despertaram o alerta do NSABB (Conselho Científico para a Biossegurança Nacional dos EUA), que pediu aos periódicos, em novembro passado, que omitissem partes dos artigos científicos, alegando que os detalhes poderiam ser usados por extremistas para desenvolver vírus poderosos.
A censura causou protestos entre cientistas que alegam que a medida fere a liberdade acadêmica.
Alguns alegam até que os detalhes dos estudos já eram amplamente conhecidos no meio científico e que sua censura teria pouco efeito prático.
Desde então, os pesquisadores envolvidos nos estudos e os periódicos científicos vêm debatendo a questão.
Vacinas e mutação
Os detalhes sobre o vírus são importantes para cientistas que desenvolvem vacinas e que monitoram a mutação do H5N1 e sua possível transmissão a humanos.
Mas esses esforços estão paralisados há meses, enquanto especialistas tentam decidir como lidar com a informação sensível.
O encontro em Genebra, com 22 especialistas, concordou que a publicação parcial dos estudos seria inútil. Decidiu, assim, estender a moratória temporária na divulgação das pesquisas, ao mesmo tempo em que reconheceu que as investigaçõess sobre o H5N1 "devem continuar".
"Dada a alta taxa de mortalidade associada ao vírus - 60% dos humanos infectados morreram -, todos os participantes do encontro ressaltaram o alto grau de preocupação com este vírus de gripe e a necessidade de mais estudos", disse Keji Fukada, diretor-geral assistente de segurança sanitária da OMS.
Segundo ele, "há uma preferência, do ponto de vista da saúde pública, de total divulgação dos dois estudos. No entanto, existem preocupações significativas quanto à pesquisa" e seu possível uso para bioterrorismo.
Espera-se uma nova reunião sobre o assunto dentro de alguns meses.
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