Segundo Sindicato dos Médicos do Ceará, reajuste dos planos de saúde, entre 2000 e 2011, superou inflação
Entre 2000 e 2011, a inflação do Brasil atingiu 119%, mas o reajuste dos planos de saúde para os usuários foi de 150%, enquanto o reajuste dos médicos não chegou a 50%. Por outro lado, os planos apresentam um crescimento médio anual de 10%. Somente em 2011, o avanço das operadoras foi de 11,1% sobre 2010, com uma receita de R$ 81,3 bilhões. As informações foram dadas pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria Pontes, durante entrevista coletiva realizada ontem, por ocasião do "Dia nacional de advertência aos planos de saúde".
Conforme José Maria, os valores pagos hoje pelos planos de saúde por uma consulta médica são muito baixos, chegando, em alguns casos, a cerca de R$ 25,00, o que dificulta a manutenção dos consultórios. "Foram realizados estudos que mostraram que o valor mínimo por consulta necessário para manter o consultório seria R$ 80,00. Hoje, com os baixos valores pagos, muitos médicos optam por realizar somente consultas particulares ou fecham seus consultórios e vão realizar outras atividades na área", afirma.
Reflexo
Para a presidenta da Associação Médica Cearense (AMC), Sidneuma Ventura, os baixos valores pagos aos médicos acabam refletindo diretamente no serviço prestado aos usuários dos planos de saúde, pois, com menos consultórios em funcionamento e atendendo pelos planos, a espera por uma consulta está cada vez maior. "Os poucos médicos que continuam atendendo em consultórios pelos planos de saúde não têm como absorver todos os pacientes e a espera por uma consulta acaba ficando mais longa. Atualmente, o tempo médio de espera para uma consulta com um dermatologista, por exemplo, é de 17 dias. Para um endocrinologista o tempo médio de espera é superior a 30 dias", explica.
Cuidados
O diretor de Defesa Profissional do Simec, Jaime Benevides, acrescenta que existe uma tentativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para resolver a questão do tempo de espera para a realização de consultas. "Mas a lógica que funciona é a financeira. Muitos planos de saúde vendem produtos e levam os usuários a terem a ilusão de que serão atendidos na hora em que precisarem e que poderão escolher o médico que desejarem. Mas não é exatamente isso que acontece", diz.
Mobilização
A questão dos honorários, a contratualização entre médicos e operadoras de planos de saúde e a autonomia médica são pontos que têm sido debatidos pela categoria, ao longo dos anos, com as operadoras e com a ANS.
O debate foi intensificado ontem, com uma programação promovida pela categoria par marcar o "Dia nacional de advertência aos planos de saúde". A programação incluiu panfletagem sobre o assunto em consultórios médicos e uma assembleia geral com a categoria, realizada no Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) para discutir novas formas de mobilização.
Intervenção da ANS
"Essa mobilização é para que a ANS, juntamente com as operadoras, estabeleça a contratualização entre operadoras e prestadores de serviço, firme uma data base para o reajuste dos médicos com indicadores pré-estabelecidos e acabe com a interferência das operadoras na autonomia dos médicos. Tudo isso vai será revertido em benefícios aos usuários, que não terão exames negados ou prejudicados", afirma Sidneuma Ventura.
A ANS destacou que "o atendimento à população não pode ser prejudicado e que é obrigação das operadoras de planos de saúde garantir o acesso dos beneficiários aos serviços médicos. Os serviços de urgência/emergência devem ser garantidos aos beneficiários, não havendo justificativa legal para a suspensão de atendimento nesses casos". Em relação aos eletivos, emenda, "as operadoras devem providenciar novo agendamento das consultas, exames, internações e outros procedimentos com solicitação prévia, respeitando os prazos para previstos pela ANS".
Fonte: diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1130916
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